Quando anunciou a sua saída do Sport, na tarde da terça-feira passada, o
meio-campo Hugo causou espanto entre os companheiros, incertezas na
comissão técnica e insegurança na torcida, que via no camisa 80 um
atleta capaz de levar o clube aos títulos. No entanto, uma análise sobre
os números do atleta com a camisa rubro-negra deixa uma pergunta: Hugo
fará falta ao Leão da Ilha?
Hugo fez 33 jogos em oito meses de clube e marcou dez gols (Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)
No Sport deste julho de 2012,
o jogador chegou com status de “estrela da companhia”.
Dono de um currículo invejável, foi o principal investimento do clube.
Algo em torno de R$ 220 mil por mês, somando salário, luvas e
gratificações. Valor que foi justificado pela qualidade técnica do
atleta, que fez questão de escrever uma frase extra no contrato enviado
ao então presidente, Gustavo Dubeux.
-
Mandamos o contrato para Hugo, que devolveu assinado através de um fax e escreveu: “rumo à Libertadores” - disse, à época, o ex-presidente do clube.
Quando a bola rolou, as previsões do atleta não se confirmaram. Durante
a competição, foram 24 jogos e oito gols. Mesmo não sendo decisiva, a
participação garantiu o respeito da torcida, apesar do clube terminar
rebaixado para a Série B, ano passado.
A queda gerou uma interrogação na direção de futebol: valeria a pena
manter um atleta caro para a disputa da Série B? Para os dirigentes que
assumiram em dezembro do ano passado, a manutenção de Hugo era
considerada um mau negócio. Principalmente pelo alto salário que o
atleta receberia até junho, quando terminaria seu vínculo com o clube.
Início de temporada foi ruim
Porém, para não desagradar a torcida e evitar uma quebra de contrato,
que renderia uma pesada multa, os dirigentes resolveram continuar com o
atleta. Mas, logo na pré-temporada, Hugo deu indícios de que a sua
passagem pelo Sport estava perto do fim.
Mesmo sem ser questionado sobre o tema, o meio-campo disse que estava sendo procurado por outros clubes e poderia sair. As declarações deram aos diretores a certeza de que o camisa 80 não queria continuar.
Expulsão contra o Serra Talhada revoltou torcida
(Foto: Antônio Carneiro / Pernambuco Press)
Se fora de campo a situação não ia nada bem, dentro de campo a relação
do jogador com a torcida ficou estremecida após um péssimo começo de
temporada. Desatento e sem poder de decisão, Hugo passou de solução a
problema.
Tanto que, dos 16 jogos do Sport na temporada, o atleta atuou em nove,
sendo oito deles como titular, fez apenas dois gols, levou cinco cartões
amarelos e um vermelho. Aproveitamento que, dividido pelo valor pago ao
atleta, daria um custo de cerca de R$ 73 mil, por partida.
O rendimento fez com que a direção de futebol resolvesse afastar o jogador e alguns outros integrantes do elenco.
Decisão vetada pelo presidente Luciano Bivar por temer a legislação
trabalhista, que obriga ao clube, pagar todo o valor do contrato
restante.
O veto, no entanto, não foi bem recebido pela cúpula do futebol, que pediu afastamento.
Mal
nos bastidores, o atleta tratou de estragar a sua imagem com a torcida,
ao atirar a camisa do clube no chão, após a expulsão durante o jogo
contra o Serra Talhada. Sem clima, Hugo ficou afastado dos jogos,
mas conseguiu resurgir durante o clássico contra o Náutico. Mesmo não
tendo feito uma grande partida, o camisa 80 balançou as redes do rival,
ajudou na vitória leonina e acalmou os ânimos dos torcedores.
Gol de Hugo no clássico selou paz com a torcida
(Foto: Aldo Carneiro/Pernambuco Press)
A paz, no entanto, não demorou muito. Nove dias após o clássico, Hugo comunicou a sua saída do clube.
A atitude, que poderia ser vista como um problema, foi encarada com
bons olhos pelos dirigentes que, mesmo sem admitir publicamente,
sentiram um alívio por economizar os R$ 660 mil que teriam que pagar ao
jogador, caso ele ficasse até o final do seu contrato.
- Há uma semana, muita gente estava falando que o Sport precisava
colocar Hugo para fora. Outros questionavam a qualidade do jogador.
Agora, que ele sai sem custo algum, perguntam como o clube vai superar
isso. Não tenho dúvidas da qualidade do jogador, que é excelente, mas
temos um planejamento que não será abalado por isso – disse o presidente
Luciano Bivar.
A aparente tranquilidade com relação à saída do jogador pode ser
justificada ao analisar o custo-benefício. Em oito meses no clube, Hugo
disputou 33 jogos, marcou dez gols e custou cerca de R$ 1,8 milhões aos
cofres do Sport.